A seca no sertão de Sergipe completou seis meses. Sem chuva, sem pasto e sem dinheiro para ração dos animais, os agricultores estão vendo o rebanho morrer.
O esforço de todos é para ajudar um animal a reagir. Fraco, ele mal consegue se arrastar. Os agricultores se apressam em colocar o gado agonizante no girau, tipo de rede feita de amarrações de corda, tecido e madeira. “A gente bota que é para ver se ela se sustenta uns dias, para ver se ela levanta e viaja”, diz um agricultor.
Sem água, os bichos emagrecem rapidamente e o girau é o destino certo dos poucos animais que ainda sobrevivem. Em algumas comunidades, no município de Poço Redondo, um dos mais castigados pela seca, as famílias só têm água em casa quando conseguem comprar. “Não tem o que fazer. Vou deixar os bichinhos morrerem de sede, a gente morrer de sede? Tem que comprar. Às vezes diminui na comida para comprar água”, diz a agricultora dona Floriza Silva.
Mas dona Floriza é uma exceção. Quase ninguém tem dinheiro para encher a cisterna. Uma viagem do carro-pipa custa entre R$ 70 e R$ 80. A maioria depende da distribuição dos 157 carros – pipa, feita pelo Exército e pela Defesa Civil. Juntos, abastecem 16 municípios. São cerca de 20 litros por pessoa a cada viagem do caminhão que, em tese, deveria passar duas vezes por mês.
Mas isso não tem acontecido nos povoados mais distantes. Muitas famílias desistiram e deixaram tudo para trás. “Se tivesse água, estava todo mundo aqui juntinho. O gado ficava com vida. Mas sem ter água, vai fazer o que aqui? Morrer de sede?”, diz a agricultora Josilene Lima Souza.
Postado Por: Maciel Ribeiro
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